e dessa liquidez, b e b a

rio que transborda ~ águas de dilúvio ~ desaguando em qualquer mar ~ todo o mar ~ maré cheia

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

e falando nele.. (e em mim)

em homenagem à noite de ontem, que me chamou, clamou, sacudiu, pediu, pediu e mereceu! foi LINDA!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

dentro, no centro


da entrada à entranha
dessa eterna
morada
da morte diária
molhada
de mim
desde dentro
o tempo
acaba
entre lábio e lábio
de mucosa rósea
que abro
e me abra
ça a cabe
ça o tronco
o membro
acaba o tempo



texto (boceta) e poema visual: ARNALDO ANTUNES

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

é o que todas as mulheres precisam

.. e como!



His wicked sense of humour
Suggests exciting sex
His fingers focus on her
Touches, he's venus as a boy

He believes in beauty
He's venus as a boy

He's exploring
The taste of her
Arousal
So accurate
He sets off
The beauty in her
He's venus as a boy

He believes in beauty
He's venus as a boy


[björk ]
[venus as a boy]

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008


terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

sobre o silêncio e as palavras

"Nem acredites se pensas que te falo: palavras são meu jeito mais secreto de calar"
Lya Luft

"Um homem é mais um homem pelas coisas que cala do que pelas coisas que diz"
Camus, em O Mito se Sísifo

"O mais seguro dos mutismos não é calarmo-nos, mas falarmos"
Camus, em o Mito de Sísifo, citando Kierkgaard

sábado, 16 de fevereiro de 2008

O jogo da Amarelinha


Toco tu boca, con un dedo toco el borde de tu boca, voy dibujándola como si saliera de mi mano, como si por primera vez tu boca se entreabriera, y me basta cerrar los ojos para deshacerlo todo y recomenzar, hago nacer cada vez la boca que deseo, la boca que mi mano elige y te dibuja en la cara, una boca elegida entre todas, con soberana libertad elegida por mí para dibujarla con mi mano en tu cara, y que por un azar que no busco comprender coincide exactamente con tu boca que sonríe por debajo de la que mi mano te dibuja.Me miras, de cerca me miras, cada vez más de cerca y entonces jugamos al cíclope, nos miramos cada vez más de cerca y nuestros ojos se agrandan, se acercan entre sí, se superponen y los cíclopes se miran, respirando confundidos, las bocas se encuentran y luchan tibiamente, mordiéndose con los labios, apoyando apenas la lengua en los dientes, jugando en sus recintos donde un aire pesado va y viene con un perfume viejo y un silencio. Entonces mis manos buscan hundirse en tu pelo, acariciar lentamente la profundidad de tu pelo mientras nos besamos como si tuviéramos la boca llena de flores o de peces, de movimientos vivos, de fragancia oscura. Y si nos mordemos el dolor es dulce, y si nos ahogamos en un breve y terrible absorber simultáneo del aliento, esa instantánea muerte es bella. Y hay una sola saliva y un solo sabor a fruta madura, y yo te siento temblar contra mi como una luna en el agua.


Julio Cortázar

Rayuela, Capítulo 7

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

m.u.l.h.e.r

O mistério da mulher está em cada afirmação ou abstinência, na malícia das plausíveis revelações, no suborno das silenciosas palavras.
Henriqueta Lisboa

Na "mulher interessante", a beleza é secundária, irrelevante e, mesmo, indesejável. A beleza interessa nos primeiros quinze dias; e morre, em seguida, num insuportável tédio visual. Era preciso que alguém fosse, de mulher em mulher, anunciando: - "Ser bonita não interessa. Seja interessante!"
Nelson Rodrigues
imagem: Alissa Monks

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Fim de Festa

Meu amor por você chegou ao fim
É tudo que tenho a dizer
Também não precisa sair assim
Espere o dia amanhecer
Itamar Assumpção
*sou toda .suspiros. nas cordas dessa música

sábado, 9 de fevereiro de 2008

ao passo dos passos no samba

e se quiser entrar na dança só depende de você solte o corpo na corrente deixe a vida te levar até a voz ecoar voar soltar teus timbres por aí rode a saia rodada rode o dedo no ar rode dance levante solte o barco desamarre os nós que te prendem espalhe-se desfaça os laços que não são firmes faça novos e firmes não firmes ame-se deixe entrar na dança solte os cabelos balance a cabeça feche os olhos sinta os pés tocando o chão as mãos tocando o ar tua pele na pele deixe-se pra sentir você não precisa perguntar só depende de você se olhar direito não negue seja sinta deixe não ligue não vá o que for pra ser acontecer viver não precisa se preocupar morrer pra nascer nasça renasça e faça seja brilhe voe voe voe voe voe voe!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

As piores horas


as piores horas são sempre antes de levantar-se.
é quando acorda, sente seu corpo já atento, quando pode perceber os dedos dos pés e mãos, que ele lhe invade os pensamentos.
os primeiros pensamentos do dia lhe são roubados por ele, por simples acaso, caso não acredite em acaso, por simples infortúnio.
não pense que são escolhas.

é quando dá o último suspiro inconsciente e o primeira inspirada consciente do dia que ele lhe vem de arroubo pelos pêlos, pele e ar e invade o espaço entre o olho e a pálpebra. é ali onde lhe rouba a nova visão do alvorecer e também o ar, por instantes angustiantes, agoniantes.

é preciso respirar muito fundo e fazer uma breve oração de desejos verdadeiros para que ele se vá quando seus olhos já estiverem abertos, já acordados, já atentos.

são as horas mais angustiantes do dia.
é quando mais pede para que ele se vá.
é quando mais quer que se vá.

e, de uma vez por todas, vá.