e dessa liquidez, b e b a

rio que transborda ~ águas de dilúvio ~ desaguando em qualquer mar ~ todo o mar ~ maré cheia

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Traga-me um copo d'água, tenho sede
E essa sede pode me matar
Minha garganta pede um pouco d'água
E os meus olhos pedem teu olhar

A planta pede chuva quando quer brotar
O céu logo escurece quando vai chover
Meu coração só pede teu amor
Se não me deres, posso até morrer

Tenho Sede
Gilberto Gil

"a partir daí começo um outro dia sendo essa outra pessoa; eu"



e aí é aquele sentimento que devora, rasga, infesta tudo por dentro. como se fosse uma batalha; de mim comigo mesma.
com meus preceitos e minhas condutas erradas de acordo com meus próprios preceitos e cultura. 'errado' assim, nu e cru, não digo. o que é que pode ser errado aqui se sou eu quem dita as regras? só sinto que pode ser errado quando dói demais, e não digo aqui em intensidade, mas tempo. é tempo demais pra sentir-se aasim, nessa agonia toda.
tudo bem, digo sim, estou em desacordo com meu corpo e minha alma. (lá vem aquela história da alma transgressora e o corpo preservador. ok, ok, a lavagem tá dando certo, Seu Livro.) é a tal da tensão que tenho que manter e que siiiim, mais que NUNCA a tenho sob o único fio que ainda não desgarrou das tranças da corda de palha. é um vai-que-vai, um vem-que-vem, puxa pra cá, leva de lá, mas.. já quase não resta forças.
é o sentido que se perde no meio d'uma batalha.

estava conversando com amigas, quando uma delas solta um 'aaah, mas como você sabe eu sou bem resolvida! não espero que os outros tomem a decisão, não! eu me resolvo comigo e pronto! a partir daí começo outro dia sendo essa outra pessoa; eu' mas não fica reticente não? como portas entreabertas? nada, mulher. se você se resolve dentro de ti acaba de colocar teu ponto final.
aí eu percebo que um dos lados quer ceder. a bandeirinha branca começa a aparecer, e juro que espero por isso há tempos.
espera, a paz já vem.

e aí, corpo. e aí alma?!
vamos nessa?!

domingo, 18 de novembro de 2007

Maria e o porto, Maria e o mar, Maria e o cais. [Maria Maré]

Por Chico Buarque

Olha Maria
Eu bem te queria
Fazer uma presa
Da minha poesia

Mas hoje, Maria
Pra minha surpresa
Pra minha tristeza
Precisas partir

Parte, Maria
Que estás tão bonita
Que estás tão aflita
Pra me abandonar

Sinto, Maria
Que estás de visita
Teu corpo se agita
Querendo dançar

Parte, Maria
Que estás toda nua
Que a lua te chama
Que estás tão mulher

Arde, Maria
Na chama da lua
Maria cigana
Maria maré

Parte cantando
Maria fugindo
Contra a ventania
Brincando, dormindo
Num colo de serra
Num campo vazio
Num leito de rio
Nos braços do mar

Vai, alegria
Que a vida, Maria
Não passa de um dia
Não vou te prender

Corre, Maria
Que a vida não espera
É uma primavera
Não podes perder

Anda, Maria
Pois eu só teria
A minha agonia
Pra te oferecer


~ ~ ~ ~ ~

ELE
Quem me dera ficar meu amor, de uma vez Mas escuta o que dizem as ondas do mar Se eu me deixo amarrar por um mês Na amada de um porto Noutro porto outra amada é capaz De outro amor amarrar, ah Minha vida, querida, não é nenhum mar de rosas Chora não, vou voltar

ELA
Quem me dera amarrar meu amor quase um mês Mas escuta o que dizem as pedras do cais Se eu deixasse juntar de uma vez meus amores num porto Transbordava a baía com todas as forças navais Minha vida, querido, não é nenhum mar de rosas Volta não, segue em paz

OS DOIS
Minha vida querido (querida) não é nenhum mar de rosas

ELE
Chora não

ELA
Segue em paz

~ ~ ~ ~ ~

Amaram o amor urgente
As bocas salgadas pela maresia
As costas lanhadas pela tempestade
Naquela cidade
Distante do mar
Amaram o amor serenado
Das noturnas praias
Levantavam as saias
E se enluaravam de felicidade
Naquela cidade
Que não tem luar
Amavam o amor proibido
Pois hoje é sabido
Todo mundo conta
Que uma andava tonta
Grávida de lua
E outra andava nua
Ávida de mar

E foram ficando marcadas
Ouvindo risadas, sentindo arrepio
Olhando pro rio tão cheio de lua
E que continua
Correndo pro mar
E foram correnteza abaixo
Rolando no leito
Engolindo água
Rolando com as algas
Arrastando folhas
Carregando flores
E a se desmanchar
E foram virando peixes
Virando conchas
Virando seixos
Virando areia
Prateada areia
Com lua cheia
E à beira-mar

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

é, caetano.. me pegastes de jeito!




Rapte-me camaleoa
Adapte-me a uma cama boa
Capte-me uma mensagem à toa
De um quasar pulsando lôa
Interestelar canoa
Leitos perfeitos
Seus peitos direitos
Me olham assim
Fino menino me inclino
Pro lado do sim...


Rapte-me
Me adapte-me
Me capte-me
It's up to me, coração
Ser querer ser
Merecer ser
Um camaleão

Rapte-me camaleoa
Adapte-me ao seu
Ne me quitte pas