e dessa liquidez, b e b a

rio que transborda ~ águas de dilúvio ~ desaguando em qualquer mar ~ todo o mar ~ maré cheia

sexta-feira, 4 de abril de 2008

vício

- sou viciado em você.
é o que ele disse ao ver que o relacionamento estava com o laço quase-que-desfeito. a chuva rala já começara a mostrar sua decepção noturna, pingando ora aqui, ora acolá no vidro do carro.
- viciado?! taí. o vício é egoísta, meu bem. o amor, não. o amor tem as portas sempre abertas.

silêncio.

era o tal do silêncio ensurdecedor. ele, que era mesmo surdo, estava habituado ao silêncio. era sempre assim; ela falava pelos cotovelos, falava do que sabia e do que não sabia, principalmente do que não sabia. e cantarolava melodias, recitava poesias, falava do dia, das cores, dos amigos, dos antigos, do vizinho. ele, lacônico. como não sabia dizer nada por dizer, calava. e ela dizia tudo o que queria, e ele escutava. ele não entendia e não respondia, escutava. e mesmo quando entendia, calava.
e ela rogava aos deuses pra que ele falasse, um palavra ao menos! nem que fora do tom, nem que seja a agulhada que ela esperava receber. e ele emudecia. e fechava os olhos e suspirava longo. talvez elaborasse dizer alguma frase pronta. nada!
nada!


[continua..]

Um comentário:

Anônimo disse...

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