e dessa liquidez, b e b a

rio que transborda ~ águas de dilúvio ~ desaguando em qualquer mar ~ todo o mar ~ maré cheia

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

lembrete

ACHAR MENOS
SER MAIS
achar ME menos
ser mais
me achar menos?
ser-me mais,mesmo

ACHAR (me) menos
SER (me) MAIS

sábado, 16 de agosto de 2008

comportamento geral

Você deve notar que não tem mais tutu
e dizer que não está preocupado

Você deve lutar pela xepa da feira
e dizer que está recompensado

Você deve estampar sempre um ar de alegria
e dizer: tudo tem melhorado

Você deve rezar pelo bem do patrão
e esquecer que está desempregado

Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
Se acabar em teu Carnaval

Você deve aprender a baixar a cabeça
E dizer sempre: "Muito obrigado"
São palavras que ainda te deixam dizer
Por ser homem bem disciplinado
Deve pois só fazer pelo bem da Nação
Tudo aquilo que for ordenado
Pra ganhar um Fuscão no juízo final
E diploma de bem comportado

Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
Se acabar em teu Carnaval
Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
Se acabarem com teu Carnaval?

Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal
E um Fuscão no juízo final
Você merece, você merece
E diploma de bem comportado
Você merece, você merece

Esqueça que está desempregado
Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal

[Gonzaguinha]

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

ai... (suspiro)
depois de um dia continuamente corrido, onde cada minutinho veio coladinho n'outro sem dar trégua nem pra respirar,
encontrei minha calma num céu crepuscular.

domingo, 3 de agosto de 2008

a poesia da cólica menstrual

em geral, os animais ovulam e copulam com um objetivo: o de reproduzir. você ovula para que seu ovócito seja penetrado por um espermatozóide, o mais rápido e robusto deles, e torne-se um óvulo. posteriormente um embrião e logo logo um feto.
mas nós, humanos, temos recursos contraceptivos. não queremos ser como macacas no cio ou como éguas no estro, trepando a todo o momento (isso queremos) e embarrigando a cada ovulação (isso não). também não somos como as ratas, que se não estiverem no estro, não acasalam. sem o estímulo hormonal da ovulação uma rata não consegue se colocar na posição sexual, a lordose, na qual ela arqueia as costas e sacode sua caudinha para bem longe, prontinha para receber seu macho. essa posição muda o ângulo e a abertura da vagina, tornando-a acessível ao pênis do seu ratinho quando ele a cobre por trás. nas porquinhas-da-índia uma membrana normalmente recobre a abertura vaginal. para abrir a membrana e permitir o sexo é preciso haver a liberação de hormônios sexuais, durante a ovulação. e o hormônio sexual que dita em maior tom de voz é o estrogênio; é ele que controla tanto o desejo sexual como a física sexual.
ainda bem que não temos membrana alguma nos impedindo de transar quando bem entendemos ou dependemos do estrogênio para nos posicionarmos, apenas quando estamos ovulando e sabemos que a chance de gerar prole é quase sempre garantida, de quatro ou de pernas abertas. ainda bem que somos como nossas amigas primatas - transando quando bem entendemos - e com uma vantagem em cima delas: não engravidamos a toda ovulação, graças aos nossos métodos, seja lá qual for ele.
mas, será que ainda não temos alguns requícios dessa aparente "evolução"? será que nosso corpo não guarda mágoas e rancores, na forma de primitivismos? qual será a função biológica da cólica? ficarmos tão doloridas a ponto de nos sentirmos um vegetal prostado na cama ou ficarmos iradas como forma de proteção (??) ao óvulo não fecundado que está sendo desprezado e descartado?
tirando o fato cientificamente tedioso de que a dor é proveniente dos movimentos musculares de compressão de nosso querido útero (órgão único e sem equivalente masculino), para que então o endométrio se destaque do nosso miométrio e descame, levando com ele - como se já não fosse suficiente a perda significativa de tecido da nossa parede uterina - sangue, muito sangue, será que nosso querido corpitcho não sente uma pontinha de mágoa por não haver fecundado dessa vez? será que, ao perceber que o primoroso e dispendioso (afinal, por que é que você pensa que quer comer tanto chocolate assim? tanto açúcar a cada dia de tpm e durante a menstruação? filhota, o trabalho da ovulação é energeticamente dispendioso! esse seu desejo de chocolate nada mais é que obra do seu órgão feminino pedindo energia, energia, energia!! pra cobrir tudo aquilo que agora ele sabe que está simplesmente indo para o lixo, quer dizer, para o absorvente. é seu útero reinvidicando energia) trabalho de preparar e escolher um ovócito entre vários outros possíveis ovócitos para ser liberado e lindamente farejado e capturado pelas fímbrias rosadas de nossas tubas uterinas para abrigá-los numa viagem pelo túnel rosado de nossa mucosa falompiana foi por água abaixo (ou útero abaixo), ele não se sente triste? e chore? e doa? seja machucado e também machuque?
acho que esse é ponto de vista que quero ter das minhas cólicas, já que elas me acompanham há vários anos e provavelmente continuarão a me acompanhar pelo resto de minhas menstruações. não a nego. nunca a neguei. nego o sofrimento calado. dou ao meu útero o direito de não calar sua dor. de se mostrar ferido e me ferir também, de sentir ira por não ter sido fecundado e gritar de dor. dou-lhe o direito ao sofrimento, dou-lhe o direito a dor, dou-lhe o direito ao grito. dou-lhe tudo isso e grito e choro junto com ele.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

caia FORA do conTEXTO
invente seu enDEreço
a cada mil lágrimas sai um milagre