e dessa liquidez, b e b a

rio que transborda ~ águas de dilúvio ~ desaguando em qualquer mar ~ todo o mar ~ maré cheia

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

saudades, poesia


ai, minha poesia, cadê você nos meus dias?

cadê suas loucas sugestões em forma de vento soprado? ou vento corrido? será meu ouvido que deixou você escorrer pro chão e nunca mais te ouvir? vai ver meus desmedidos passos de metros de pernas pisou em você, né poesia..

cadê no meu olhar você, ao ver as nuvens da minha cidade - minha tão bela e concreta cidade - e adivinhar surpersticiosamente aquilo que eu nem imaginava. agora é tudo tão cinza, agora é tudo tão cru. agora que é dia, o sol não faz mais barulho ao tocar minha pele, nem eriça as cores claras dos meus pelos, pele, cabelos. agora que já é noite, a lua não saiu pra me lembrar de contemplar o azul que ela clareia. nem mesmo me canta mais pela madrugada músicas de viver a noite pelas concretas ruas passeando nos saltos altos das pernas, assobiando em uníssono suas melodias.

a sua cor ardente, cor de magenta, dos dias quentes e abafados num quarto; dois corpos nus. ali, o sorriso malicioso surgindo era você, as mãos violentamente amorosas era você, a risada trêmula era você, o barulho dos corpos era você, o suor escorrendo era você, a respiração intensa era você, os sons, os gemidos, os olhares, as coisas não ditas, as insinuações... tudo era você! e você, aaaah você.... acabou por me convencer de que não havia coisa melhor no mundo que te ter habitando em meus sentidos, em cada gesto, em cada olhar, em cada inspiração.

ando carente de você.
de você em mim, de você no céu, de você na cama, nos dias ordinários, de você no meu chuveiro, de você na pinta do rosto daquela menina, de você nos outros. não te acho mais, minha poesia. não sei o que em mim deu, ou em você, pra nos perdermos assim. sempre soube que, se um dia nos separássemos, eu acabaria enlouquecendo. éééé... porque pra mim loucura é não te ter, não te ver, não poder te explicar da alegria latejante que senti quando provei do gosto molhado daquele corpo com cor de entardecer. e da lágrima que escorreu quando viramos nuvem, e depois chovemos.

eu sei, você não vai acreditar, mas na sua ausência até o português me anda escapando..
você, que é minha maconha, que é minha melhor cachaça, que por vezes é meu sexo, meu objeto de estudo, minha dúvida, minha reticência. você é meu ponto mais fraco, vulnerabilidade. meu ponto final.
quero uma sua surpresa.
precisamos nos encontrar.

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